Cruzeiro Porto-Pinhão-Porto
“Rio Douro, és poesia em silêncio e melodicamente Amor: aDouro-te.” – Joni Baltar
Índice
Cruzeiro Porto-Pinhão-Porto: uma jornada pelo encanto do Douro
O cruzeiro Porto-Pinhão-Porto é uma das melhores formas de explorar o Rio Douro, uma das maiores joias de Portugal, um cenário onde história, tradição e paisagens de cortar a respiração se entrelaçam harmoniosamente. No ano passado, tivemos a oportunidade de experimentar o encantador cruzeiro entre a Régua e o Pinhão, uma experiência que nos deixou deslumbrados e com vontade de explorar ainda mais este rio mágico.
Este ano, decidimos ir mais além e embarcar no cruzeiro Porto-Pinhão-Porto, organizado pela Rota do Douro. Neste artigo, partilhamos contigo todos os pormenores desta nova aventura pelo coração do Douro, desde as paisagens inesquecíveis até à riqueza da tradição vinícola que acompanha o percurso.
Começo da aventura: do Porto ao Douro
O dia começou cedo, com uma viagem de comboio até ao Porto. Escolhemos esta opção não só para evitar as complicações de estacionamento, mas também para começar a nossa jornada de forma descontraída, apreciando as paisagens que se revelam ao longo do percurso.
O cruzeiro iniciou-se às 8h45, no Cais da Estiva, no coração do Porto. À chegada, fomos recebidos com simpatia e uma organização impecável. Antes de zarpar, tivemos o prazer de desfrutar de um pequeno-almoço delicioso, que se revelou a forma perfeita de dar início a um dia cheio de descobertas. Enquanto o barco deslizava suavemente pelas águas tranquilas, o rio Douro começava a despertar, oferecendo-nos um cenário sereno e repleto de promessas de aventura.
Subindo o rio: da calma ao encanto
A bordo, a viagem revelou-se extremamente tranquila, proporcionando um ambiente sereno que é ideal para relaxar. O barco navegava suavemente, sem causar qualquer desconforto, mesmo para aqueles mais sensíveis a viagens no rio. Contudo, é importante mencionar que, em certos momentos, o percurso pode parecer algo monótono, especialmente nas zonas onde as margens do rio são mais uniformes.
Se preferires aproveitar o exterior do barco, há algumas cadeiras disponíveis para desfrutar das vistas ao ar livre, mas estas são limitadas e ocupam-se rapidamente. Recomendamos que garantas o teu lugar assim que possível. E como o sol pode ser intenso ao longo do dia, não te esqueças de levar protetor solar e chapéu para te protegeres durante o passeio.
Primeira paragem do cruzeiro Porto-Pinhão-Porto: barragem de Crestuma-Lever
O primeiro ponto alto do trajeto foi a subida da Barragem de Crestuma-Lever, com um desnível de 14 metros. Esta etapa é um verdadeiro espetáculo de engenharia e natureza, enquanto o barco se ajusta ao nível da água. Durante o percurso, fomos surpreendidos por paisagens verdejantes e várias praias fluviais que se revelavam ao longo das margens. Foi uma descoberta inesperada perceber a quantidade de praias escondidas e convidativas que o Douro abriga, enriquecendo ainda mais a nossa experiência.
Almoço e a barragem de Carrapatelo
O almoço a bordo foi um dos momentos mais agradáveis da viagem. Enquanto o barco deslizava pelo rio, fomos servidos com um delicioso assado, preparado com aquele toque típico da gastronomia portuguesa. A refeição, simples mas reconfortante, proporcionou-nos uma pausa perfeita para relaxar e apreciar a envolvência.
Pouco depois, chegámos à imponente Barragem de Carrapatelo, uma obra-prima da engenharia, com um desnível impressionante de 35 metros. Subir esta barragem é uma experiência única: o processo lento e gradual permite-nos contemplar a força e a tranquilidade do Douro ao mesmo tempo. A combinação da boa comida com as vistas espetaculares das margens tornou esta parte da viagem verdadeiramente inesquecível, um daqueles momentos em que sentimos que o tempo desacelera para nos permitir desfrutar de cada detalhe.
Chegada à Régua e rumo ao Alto Douro Vinhateiro
Ao chegarmos à Régua, o barco fez uma breve paragem para o embarque e desembarque de passageiros. Embora não fosse permitido sair do barco, houve tempo para observar o movimento animado do cais. Para quem quisesse, estavam disponíveis os tradicionais chapéus e os irresistíveis Rebuçados da Régua, oferecidos por vendedores locais, adicionando um toque de autenticidade à experiência.
A partir deste ponto, a paisagem transformou-se de forma marcante. Os famosos socalcos, que esculpem as encostas íngremes do Douro, passaram a dominar o horizonte, criando um cenário deslumbrante e icónico do Alto Douro Vinhateiro, reconhecido como Património Mundial pela UNESCO. Este trecho do rio é, sem dúvida, o mais mágico.
As vinhas, cuidadosamente alinhadas em socalcos, contam a história da dedicação de gerações à produção de vinho. Aqui, as quintas produtoras de Vinho do Porto, com as suas propriedades imponentes, completam a paisagem, oferecendo um espetáculo único. Cada curva do rio revela uma nova perspetiva, como se fosse um quadro vivo que merece ser contemplado com toda a calma.
Pinhão e a visita à Quinta da Roêda
Depois de subirmos a imponente Barragem de Bagaúste, com um desnível de 27 metros, chegámos ao Pinhão, uma das localidades mais encantadoras da região do Douro. No cais, aguardava-nos um autocarro que nos levou até à Quinta da Roêda, um local emblemático na produção de vinhos do Porto.
A visita começou com um passeio pelas vinhas da quinta, onde é possível observar de perto os socalcos característicos que tornam esta paisagem tão singular. A explicação sobre o cultivo das uvas e os métodos tradicionais de produção foi breve, mas informativa, permitindo-nos compreender melhor o processo por detrás dos famosos vinhos do Douro.
O ponto alto foi, sem dúvida, a degustação do Croft Pink, um vinho rosé leve, fresco e perfeito para os dias quentes. A suavidade e o equilíbrio deste vinho tornaram-no uma escolha ideal para terminar a visita com um sabor inesquecível.
Embora o tempo na quinta tenha sido curto, foi uma experiência enriquecedora que combinou o charme da tradição vinícola com a beleza das paisagens envolventes.
O regresso ao Porto
O regresso ao Porto foi feito num confortável autocarro turístico, que nos proporcionou um momento de descanso após um dia cheio de descobertas e encantos. Enquanto percorríamos as estradas que acompanham o rio, tivemos a oportunidade de absorver as últimas imagens das paisagens do Douro, guardando na memória os socalcos, as vinhas e a tranquilidade única desta região.
Chegámos ao Porto por volta das 21h, cansados mas com um cansaço bom, daqueles que vem de um dia bem vivido. O coração estava cheio de boas memórias, e a certeza de que esta experiência no Douro foi mais do que uma viagem: foi uma verdadeira celebração da história, da natureza e da tradição que fazem deste rio um dos maiores tesouros de Portugal.
Informações úteis sobre o cruzeiro Porto-Pinhão-Porto
O custo do cruzeiro varia consoante o dia da semana e a época do ano. No nosso caso, a experiência teve um custo de 82 euros por pessoa, num feriado, e incluiu:
- Pequeno-almoço a bordo, servido no início do percurso;
- Almoço a bordo, com uma refeição deliciosa e vista privilegiada;
- Visita à Quinta da Roêda, com degustação de vinho;
- Transporte de regresso ao Porto em autocarro turístico.
Recomendamos que confirmes os preços e a disponibilidade com a Rota do Douro antes de planeares a tua viagem, para garantires a melhor experiência possível.