Jaipur e a rota das vigarices parte II
Hoje estamos aborrecidos. Udaipur e Jodhpur receberam-nos de braços abertos, mas não podemos dizer o mesmo de Jaipur.
É uma cidade muito mais turística, logo estamos mais sujeitos à rota das vigarices. O bem de ter caído em quase todas logo na primeira noite, é que agora estamos espertos e já não nos enganam com facilidade.
Hoje contratamos para nos acompanhar durante a tarde, o mesmo tuktuk que nos trouxe da estação ao hotel. Até aqui temos pedido aos hotéis para nos arranjarem um motorista de confiança. Como o preço deste estava dentro do valor dos outros tuktuks, aceitamos. 350rupias esta tarde e 700r o dia inteiro de amanhã.
Começamos a nossa visita pelo City Palace de Jaipur e antes de comprarmos o bilhete, o motorista avisou para não pagarmos o bilhete combinado porque era apenas uma forma de ganharem dinheiro. Chegamos lá, não havia outra opção a não ser o tal bilhete combinado. Lá tivemos que o comprar. Quando chegamos ao tuktuk ouvimos o sermão porque “fomos avisados”. Ficamos logo chatiados porque não havia mesmo outra escolha. Alguém nos tinha enganado!
No fim de visitarmos alguns monumentos menos turísticos, o motorista sugeriu visitarmos um santuário de elefantes. Não somos adeptos de turismo animal, portanto, só iríamos na condição de ser mesmo algo credível e para bem dos elefantes. O senhor disse-nos que sim, que o valor seria adequado às atividades que quiséssemos fazer: alimentar, pintar, dar banho ou receber energia sagrada (só depois percebemos o que era isto).
Chegados ao santuário, um campo na berma da estrada, vimos apenas 2 elefantes. A conversa do responsável não foi convicente o suficiente para acreditarmos que era um santuário e que aqueles animais não eram explorados. O processo de receber energia sagrada incluía montar os animais e abraçarmos o seu pescoço.
Quando nos apresentou um orçamento de 5 mil rupias (cerca de 50€) a cada um para “cuidarmos” dos animais, rejeitamos e saímos. Não é de todo um santuário! Aborrecidos novamente.
Para finalizar o dia, o motorista propôs levar-nos a um mercado onde poderíamos ver e comprar especiarias, pessoas a pintarem quadros, fábricas de peles… Tudo muito interessante para os nossos ouvidos, até vermos que eram lojas! Saímos do tuktuk a avisar que não queríamos fazer compras, mas o motorista disse que não se paga para ver e que íamos gostar. Lá fomos nós…
30min a dizer que não. 30min a explicar que não temos dinheiro para isto, que não temos interesse, que não queremos. 30 min envergonhados porque não era suposto isto estar acontecer.
Quando chegamos ao tuktuk, o senhor voltou a insistir nas compras até que o Ricardo teve que chamar a atenção e explicar que não viemos para a Índia para fazer compras. Queremos fotografar, conhecer monumentos e mercados locais. O senhor simplesmente dá uma cospidela para o chão e liga o tuktuk. Passamos por ruas imundas, que nem sabíamos que era possível haver algo tão degradante. O senhor limitou-se a trazer-nos para o hotel pelas piores ruas da cidade!
Quando nos deixou, despediu-se a dizer que afinal o preço para amanhã teria que ser outro. De 700r passou para 1400r. Agradecemos, ficamos com o contato apenas por educação, mas mentalmente também demos uma cospidela para o chão, como ele fez uns minutos antes.
Aprendizagem do dia: não confiar nos motoristas de tuk-tuk. O preço do tal monumento são mesmo as 700r, o motorista simplesmente quis cativar a nossa confiança, passando pelo “amigo” que nos alerta. A intenção era ganhar dinheiro com as comissões das nossas compras e no suposto santuário de elefantes. Como percebeu que amanhã vai perder tempo connosco, já não lhe interessou o serviço pelo preço que ofereceu.
Hoje não gostamos de Jaipur, e cada vez mais acreditamos que a Índia são as pessoas. Hoje não nos sentimos protegidos. Não tiramos selfies. Hoje vimos o lado feio da Índia. Amanhã iremos gostar mais, de certeza!