5 dias a percorrer a Estrada Nacional 2 (N2)

Percorrer os 739 km da Estrada Nacional 2 (N2) foi uma experiência incrível que fizemos de autocaravana, uma forma prática e divertida de viver esta roadtrip ao máximo. Viajar de autocaravana deu-nos a liberdade de parar onde quiséssemos, cozinhar refeições regionais no momento e adormecer em contacto com a natureza. No entanto, este roteiro de 5 dias pela N2 pode ser perfeitamente feito de carro, para quem prefere alojar-se em hotéis, casas de turismo rural ou pousadas ao longo do percurso.

Se optares por fazer a viagem de carro, terás a oportunidade de experimentar uma variedade de alojamentos únicos em cada paragem, desde hotéis no centro histórico de cidades como Vila Real e Viseu, até herdades típicas no Alentejo.

A autocaravana deu-nos a vantagem de percorrer a estrada ao nosso ritmo e ficar mais próximos da natureza, sobretudo em zonas como a Barragem do Cabril ou na costa algarvia, onde pernoitámos em áreas de serviço rodeadas de paisagens incríveis. Mas se preferires conforto e uma base fixa a cada noite, seguir de carro será igualmente uma excelente escolha. O mais importante é aproveitar o trajeto e deixar-te surpreender por cada quilómetro desta rota mítica!

Ao longo deste artigo, sugerimos locais para pernoitar, tanto para quem viaja de autocaravana como para quem procura alojamentos convencionais. A viagem pode ser personalizada ao teu gosto, adaptando a duração e as paragens conforme o tempo e o ritmo que preferires. Vamos ao roteiro?


Mapa Estrada Nacional 2

Explorar Chaves: o quilómetro zero da N2

Começamos no marco zero, em Chaves, uma cidade rica em história e famosa pelas suas águas termais. É o ponto de partida ideal para a nossa aventura pela N2, que nos levará por um percurso cheio de descobertas.

O que não podes perder:

  • Ponte Romana de Trajano, que remonta ao século I d.C.
  • Castelo de Chaves e a sua imponente Torre de Menagem
  • Uma visita relaxante às Termas de Chaves

Onde comer: experimenta o famoso pastel de Chaves e o presunto local na Taberna Ti João.

Rumo a Vila Real – Um encanto a cada curva (80 km)

Depois de explorar Chaves, seguimos em direção a Vila Real, num percurso repleto de paisagens de montanha e mais de 200 curvas, especialmente ao atravessar a Serra do Brunheiro. Pelo caminho, fizemos uma paragem em Vidago, onde vale a pena tomar um café e admirar a imponência do Vidago Palace Hotel.

Chegada a Vila Real

Vila Real é a porta de entrada para o Douro Vinhateiro e oferece um contraste entre natureza e história. O dia termina com uma visita ao Palácio de Mateus, conhecido pela sua arquitetura barroca e jardins magníficos, e uma subida ao Miradouro de São Leonardo de Galafura, com uma vista inesquecível sobre o vale do Douro.

Onde dormir em Vila Real?

Para quem viaja de autocaravana:

Km Zero

Peso da Régua: a capital do Vinho do Porto

A primeira paragem é em Peso da Régua, considerada o centro da produção de vinho do Porto. Aqui, tens a oportunidade de visitar uma quinta vinícola, fazer uma degustação e aprender mais sobre o processo de produção deste vinho icónico.

O que fazer em Peso da Régua:

  • Visita ao Museu do Douro, para conhecer a história e a cultura da região vinícola.
  • Prova de vinhos numa das quintas locais. Algumas sugestões: Quinta do Vallado ou Quinta da Pacheca.

Dica: aproveita para almoçar num restaurante típico com vista para o rio Douro.


Lamego: história e espiritualidade

Seguimos viagem para Lamego, uma cidade encantadora conhecida pelo seu património religioso. A subida ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, pelos 686 degraus da monumental escadaria, é um dos pontos altos da visita.

O que visitar em Lamego:

  • Santuário de Nossa Senhora dos Remédios – Uma das mais bonitas igrejas barrocas de Portugal.
  • Sé de Lamego – Mistura de estilos arquitetónicos, desde o românico ao barroco.
  • Museu de Lamego – Com uma rica coleção de arte sacra e pinturas renascentistas.

Dica: não deixes Lamego sem provar a famosa bôla de Lamego e os vinhos espumantes locais.


Chegada a Viseu: a cidade de Viriato

Ao fim da tarde, chegamos a Viseu, uma cidade que combina história, cultura e um ambiente acolhedor. O centro histórico, repleto de ruas de pedra, igrejas antigas e esplanadas, é perfeito para um passeio relaxante.

O que fazer em Viseu:

  • Visita à Sé de Viseu, uma das catedrais mais antigas de Portugal.
  • Descobre o Museu Grão Vasco, com uma coleção impressionante de pintura portuguesa dos séculos XV e XVI.
  • Passeia pela Rua Direita, repleta de lojas tradicionais e cafés acolhedores.

Onde dormir em Viseu?

  • Montebelo Viseu Hotel & Spa – Hotel de luxo com piscina, spa e restaurante de alta qualidade.
  • Viseu Guest Inn – Combina conforto e charme num ambiente acolhedor, perfeito para explorar o centro histórico de Viseu com toda a comodidade.

Para quem viaja de autocaravana:

  • ASA – Área de Serviço de Autocaravanas De Viseu

Dica para a estrada: o percurso entre Lamego e Viseu oferece algumas das paisagens mais bonitas do centro-norte de Portugal. Conduz com calma para aproveitar as vistas dos vales e das montanhas.



Primeiras paragens: Santa Comba Dão e Tondela

Santa Comba Dão é uma vila pitoresca situada na confluência de três rios: Dão, Mondego e Criz. É o local perfeito para um passeio à beira-rio ou para relaxar num dos seus cafés tradicionais.

Tondela, mais à frente, é conhecida pelo seu património histórico e pela proximidade à Serra do Caramulo, ideal para os amantes da natureza. Vale a pena uma breve paragem para esticar as pernas e apreciar a vista.

Dica: se gostas de trilhos, o percurso pedestre da Ecopista do Dão oferece vistas magníficas e atravessa várias aldeias pitorescas.


Pedrógão Grande e Barragem do Cabril

A viagem continua em direção a Pedrógão Grande, onde a imponente Barragem do Cabril se revela uma das paisagens mais impressionantes do dia. Este é um ótimo local para fazer uma pausa mais longa, com áreas de lazer e espaços para um piquenique junto à água.

O que fazer:

  • Desfruta das vistas panorâmicas sobre a barragem.
  • Aproveita para dar um mergulho nas águas frescas do rio Zêzere.

Dica: se estás a viajar de autocaravana, a área junto à barragem é perfeita para uma pausa relaxante.


Chegada à Sertã: natureza e tradição

Rodeada por colinas verdes e atravessada por dois rios, a Sertã é um refúgio de tranquilidade no centro do país. O seu centro histórico é encantador, com pontes romanas, igrejas antigas e uma forte tradição gastronómica.

O que visitar na Sertã:

  • Castelo da Sertã – Pequeno, mas com uma história interessante e uma vista panorâmica sobre a vila.
  • Praia Fluvial da Ribeira Grande – Perfeita para um mergulho refrescante.
  • Ponte Romana da Sertã – Uma estrutura histórica que atravessa o rio e liga as margens da vila.

Gastronomia: não deixes de experimentar os maranhos, um prato típico feito com carne de borrego, arroz e ervas aromáticas, ou o bucho recheado.


Onde dormir na Sertã?

  • Convento da Sertã Hotel – Um antigo convento convertido em hotel, oferecendo charme e conforto no coração da vila.
  • Hotel Larverde – Uma opção mais simples, mas com uma localização central e um ótimo serviço.

Para quem viaja de autocaravana:

  • Parque de Campismo de Pedrógão Grande – Ideal para quem quer descansar junto à natureza e aproveitar as águas da barragem.

Dica para a Estrada N2: o percurso entre Pedrógão Grande e Sertã é repleto de curvas, mas as paisagens naturais valem cada quilómetro. A estrada acompanha o rio Zêzere, proporcionando vistas deslumbrantes. Conduz com calma para aproveitares o cenário.


Km 300

Ao sairmos da Sertã, a paisagem começa a mudar. As montanhas e os vales densamente arborizados das Beiras vão dando lugar às planícies alentejanas, cobertas de sobreiros, oliveiras e campos dourados. Este dia leva-nos para o coração do Alentejo, com paragens em Abrantes e Ponte de Sor, antes de chegarmos a Montemor-o-Novo, uma cidade que respira tranquilidade e tradição.


Primeiras paragens: Abrantes e Ponte de Sor

Abrantes, situada numa colina sobre o rio Tejo, é um ótimo local para uma breve paragem. O seu centro histórico é pequeno, mas encantador, com ruas empedradas e edifícios antigos.

O que visitar em Abrantes:

  • Castelo de Abrantes – Com vistas panorâmicas sobre o rio Tejo e a cidade.
  • Jardim do Castelo – Um espaço verde perfeito para uma pausa relaxante.

Continuamos em direção a Ponte de Sor, uma cidade rodeada por campos e florestas de pinheiros. É conhecida pela sua forte ligação ao rio Sor, que atravessa a cidade.

O que fazer em Ponte de Sor:

  • Passeio pela Zona Ribeirinha, ideal para relaxar junto à água.
  • Visita ao Museu Municipal, que revela a história local e a importância da cortiça para a região.

Chegada a Montemor-o-Novo

Já no Alentejo, chegamos a Montemor-o-Novo, uma cidade tranquila que combina história, tradição e paisagens bucólicas. A imponência do seu castelo em ruínas, situado no topo de uma colina, domina a paisagem.

O que visitar em Montemor-o-Novo:

  • Castelo de Montemor-o-Novo – Caminha pelas muralhas e aprecia as vistas sobre a planície alentejana.
  • Convento de São Domingos – Um local de paz e história.
  • Centro Interpretativo do Castelo, onde podes conhecer mais sobre a história da cidade.

Gastronomia: Montemor é conhecido pelos seus vinhos e pratos típicos, como o ensopado de borrego e a açorda alentejana. Experimenta-os num dos restaurantes locais, acompanhados por um vinho alentejano.


Onde dormir em Montemor-o-Novo?

  • L’And Vineyards – Uma experiência de luxo única, com suites com teto retrátil para ver as estrelas e uma excelente oferta gastronómica.
  • Hotel da Ameira – Uma opção mais rústica e confortável, com um ambiente tranquilo e piscina para relaxar.

Para quem viaja de autocaravana:

  • Burriscas Campismo Rural – Situado em Montemor-o-Novo, este parque de campismo rural proporciona um ambiente tranquilo e contacto direto com a natureza. É uma excelente opção para quem procura um local sossegado para estacionar a autocaravana.

Dica para a Estrada N2: o percurso entre Ponte de Sor e Montemor-o-Novo é uma das partes mais relaxantes da viagem, com estradas largas e paisagens típicas do Alentejo. Aproveita para fazer pausas e tirar fotografias aos campos de girassóis e aos rebanhos que cruzam as planícies.

Abrantes

O último dia da nossa aventura pela Estrada Nacional 2 (N2) leva-nos até ao Algarve, onde as paisagens alentejanas dão lugar às terras quentes do sul de Portugal. Ao longo do percurso, atravessamos Viana do Alentejo, Aljustrel e Castro Verde, antes de chegarmos a Almodôvar, já no limite sul do Alentejo. Finalmente, Faro marca o fim desta viagem épica.


Paragem em Viana do Alentejo – história e arquitetura

A primeira paragem do dia é em Viana do Alentejo, uma vila rica em património histórico e religioso.

O que visitar:

  • Castelo de Viana do Alentejo – Uma fortificação do século XIV, que abriga o Santuário de Nossa Senhora d’Aires, um importante local de peregrinação.
  • Igreja Matriz de São Vicente – Uma bela construção gótica que merece uma visita.

Dica: se quiseres uma experiência gastronómica autêntica, prova a sopa de cação ou um prato de porco preto num dos restaurantes locais.

Castro Verde – A capital da ruralidade

Continuamos para Castro Verde, uma vila tradicionalmente ligada à criação de gado e à cultura rural alentejana.

O que visitar:

  • Basílica Real de Nossa Senhora da Conceição – Uma joia arquitetónica do século XVIII, com um interior ricamente decorado.
  • Museu da Ruralidade – Um espaço que preserva a história e as tradições da vida rural no Alentejo.

Dica: se viajas na primavera, as planícies em redor de Castro Verde ficam cobertas de flores silvestres, tornando o cenário ainda mais bonito.


Paragem em Almodôvar – A porta de entrada para o Algarve

Antes de entrarmos no Algarve, fazemos uma última paragem em Almodôvar, uma vila tranquila e autêntica.

O que visitar:

  • Igreja Matriz de Santo Ildefonso – Uma igreja imponente com origem medieval.
  • Museu da Escrita do Sudoeste – Dedicado à antiga escrita pré-romana encontrada na região.
  • Centro histórico – Caminha pelas ruas estreitas e aprecia a arquitetura tradicional alentejana.

Dica: Almodôvar é o lugar perfeito para um último almoço alentejano antes de entrares no Algarve. Experimenta o javali estufado ou o ensopado de borrego.


Chegada a Faro – O fim da N2

Depois de cinco dias e 739 km de estrada, chegamos a Faro, capital do Algarve e ponto final desta jornada inesquecível. Embora muitos a vejam apenas como uma cidade de passagem, Faro tem um centro histórico encantador e um dos mais belos ecossistemas naturais do país.

O que visitar em Faro:

  • Cidade Velha – Um labirinto de ruas calcetadas dentro de muralhas antigas.
  • Sé de Faro – Vale a pena subir à torre para uma vista panorâmica sobre a cidade e a Ria Formosa.
  • Parque Natural da Ria Formosa – Um dos mais importantes santuários naturais de Portugal, ideal para passeios de barco ou caminhadas ao pôr do sol.

Onde dormir em Faro?

Para quem viaja de autocaravana:

  • Faro Campervan Park – Um local excelente para pernoitar e terminar a viagem com um mergulho no Atlântico.

Dica para a Estrada Nacional 2: a última etapa da N2 é tranquila e bem sinalizada, com longas retas e algumas zonas de montado típicas do Baixo Alentejo. As paragens em Viana do Alentejo, Aljustrel e Castro Verde tornam esta viagem ainda mais rica, permitindo explorar diferentes facetas da cultura e história alentejana antes de chegar ao sul.


Km 738

Se viajas de autocaravana, tens a vantagem de poder preparar algumas refeições com ingredientes frescos comprados nos mercados locais. No entanto, não deixes de provar os pratos típicos de cada região, pois fazem parte da experiência de percorrer a Estrada Nacional 2 (N2).

Se optaste por fazer a viagem de carro, tens a liberdade de explorar os restaurantes tradicionais ao longo do percurso e descobrir os sabores autênticos de cada local. Seja qual for a tua escolha, aqui ficam algumas sugestões gastronómicas obrigatórias:

  • Chaves: pastel de Chaves e presunto local.
  • Vila Real: vitela assada à moda de Vila Real.
  • Viseu: arroz de lampreia (em época) e vinho do Dão.
  • Sertã: maranhos e bucho recheado.
  • Montemor-o-Novo: porco preto e pão alentejano.
  • Faro: cataplana de marisco e peixe fresco.