Penamacor e o maior Madeiro de Portugal

Atualizado em outubro de 2025

Uma das coisas que mais nos apaixona em Portugal são as tradições. Curiosamente, quanto mais anos vivemos, mais valor damos a estes costumes que nos definem tão bem. Por isso, há muito que sonhávamos assistir à tradição do Madeiro. Este ano, finalmente, decidimos rumar a Penamacor para viver esta celebração especial. Não podíamos ter escolhido melhor, pois é nesta vila que se encontra o maior Madeiro de Portugal.

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O que é o Madeiro?

Antes de mais, o Madeiro é uma das tradições mais antigas e emblemáticas da Beira Baixa. Trata-se de uma grande fogueira popular, acesa para simbolicamente aquecer o Menino Jesus na noite de Natal. Todos os anos, várias aldeias e vilas da região dão vida a este costume ancestral. A tradição começa normalmente a 8 de dezembro, quando toneladas de lenha são reunidas e depositadas no adro das igrejas, formando um enorme amontoado que será aceso na noite de 24 de dezembro, logo após a Consoada e a Missa do Galo.

Mas o Madeiro de Penamacor tem algo de especial. Em vez de ser aceso no dia 24, o fogo ganha vida na noite de 23 de dezembro, perto da meia-noite, um momento único que marca o início das celebrações natalícias na vila. A dimensão impressionante da fogueira, o som das concertinas, o convívio e o espírito comunitário transformam este evento num verdadeiro espetáculo de tradição e identidade beirã. É impossível não sentir o calor, não só do fogo, mas também das pessoas que fazem desta noite uma das mais genuínas do Natal português.

Como se realiza o Madeiro?

A preparação da madeira

Em primeiro lugar, é preciso recolher a lenha, o ponto de partida para esta tradição secular. O corte dos sobreiros é feito com consciência ambiental, respeitando a natureza e garantindo a sua continuidade. Apenas são utilizadas árvores doentes ou envelhecidas, e, em contrapartida, são plantados novos sobreiros no mesmo período, um gesto simbólico que reflete o equilíbrio entre tradição e sustentabilidade.

É também fascinante perceber como o Madeiro evoluiu ao longo do tempo. Antigamente, este era um rito de passagem reservado aos jovens da vila, normalmente rapazes de 20 anos, que demonstravam força e coragem ao recolher a madeira. O trabalho era árduo e, muitas vezes, envolvia episódios de travessura, como “roubar” lenha ou bois das casas mais abastadas, um ato simbólico que unia irreverência e espírito comunitário.

Hoje, o Madeiro é um símbolo de união e partilha. A tradição passou a envolver toda a comunidade, desde crianças a idosos, homens e mulheres. Juntos, mantêm viva uma celebração que ultrapassa gerações e reforça os laços entre as pessoas. É este espírito coletivo que faz do Madeiro de Penamacor algo muito mais do que uma fogueira, é uma chama acesa no coração da Beira Baixa.

O desfile dos tratores

Depois de cortada e preparada, a lenha é transportada até ao adro da igreja, num dos momentos mais aguardados da tradição. Em Penamacor, este ritual ganha vida com um animado desfile de tratores. Assim que os vimos chegar, ficámos impressionados: cerca de vinte tratores, carregados de enormes troncos, atravessaram a vila ao som de músicas populares e brindes festivos.

A energia da população é simplesmente contagiante. Jovens abraçam-se, riem e celebram com orgulho o culminar de dias de trabalho e dedicação. As casas abrem-se a quem chega de fora e o ambiente transforma-se numa verdadeira partilha. Entre bebidas típicas, petiscos caseiros e produtos regionais, os visitantes são recebidos como amigos e convidados a viver o espírito genuíno da festa. Para além disso, é uma excelente oportunidade para descobrir o artesanato local e apoiar diretamente a economia da região.

O momento do Madeiro

O ponto alto da celebração chega na noite de 23 de dezembro. À medida que a meia-noite se aproxima, a população começa a concentrar-se no adro da igreja, em torno do enorme amontoado de lenha que domina a praça. Quando o fogo é finalmente aceso, o Madeiro ilumina a vila inteira e o calor que emana dele parece aquecer também os corações de quem assiste.

Nos dias seguintes, a fogueira continua a arder lentamente. Na noite da Consoada, depois da Missa do Galo, as famílias regressam ao adro para conviver e celebrar juntas. Por isso, o Madeiro é muito mais do que uma simples fogueira: é um símbolo de união e pertença. Além disso, o facto de ser feito com madeira de combustão lenta permite que permaneça aceso até ao final do ano, mantendo viva a chama do Natal em Penamacor. É uma tradição que continua a unir a comunidade e a encantar cada vez mais visitantes.

Onde dormir em Penamacor?

Para aproveitares ao máximo esta experiência, nada como escolher um bom alojamento. Aqui ficam algumas sugestões:

  1. Casas da Penha
    • Localização perfeita, a poucos passos do adro da igreja.
    • As casas são confortáveis, com uma decoração acolhedora e cozinhas bem equipadas. Experimentámos a Casa do Pastor e adorámos o ambiente familiar.
  2. Moinho do Maneio
    • Ideal para quem prefere um ambiente mais tranquilo, rodeado pela natureza.
    • Este turismo rural oferece opções de glamping, com comodidades modernas e vistas deslumbrantes.
  3. Hotel das Termas
    • Situado nas proximidades, em Monfortinho, oferece uma estadia relaxante com spa.
    • Perfeito para quem quer combinar a tradição do Madeiro com momentos de descanso.

Onde comer em Penamacor?

Tivemos o prazer de visitar o Restaurante Dois Pinheiros, um espaço rústico e acolhedor que nos fez sentir em casa, como se estivéssemos à mesa da avó. A comida típica é deliciosa, preparada com produtos locais e servida num ambiente cheio de hospitalidade. Cada prato é uma celebração dos sabores beirões, daqueles que confortam e ficam na memória.

Restaurante Dois Pinheiros
Estrada Nacional ao Arieiro – Quinta do Arieiro
6090-535 Penamacor

Além disso, vale a pena experimentar outros espaços na região, como o Solar do Povo, conhecido pelos seus pratos regionais e pelo ambiente familiar e acolhedor, ideal para saborear a gastronomia tradicional da Beira Baixa.

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Agradecimento especial

Dito pelo ChatGPT:

Queremos expressar o nosso sincero agradecimento à Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa pelo apoio e pela hospitalidade com que nos recebeu. Foi graças a esta colaboração que tivemos oportunidade de viver de perto uma tradição tão autêntica e especial. Sem dúvida, esta experiência ficará para sempre guardada na nossa memória.